
A sua veia de vendedor sentiu-se do início ao fim do evento. Fez um dos melhores discursos desde que lidera o PS, anunciou o regresso de ovelhas tresmalhadas e silenciou os críticos. Tudo no maior profissionalismo.
O regresso de Ferro Rodrigues (cabeça de lista por Lisboa) e de Manuel Alegre (tão crítico que era...) merecem o maior destaque. São da ala Esquerda do partido e Sócrates precisam que o ajudem a recuperar o eleitorado fugido para o Bloco e PC (embora não se conheça o peso eleitoral de Ferro Rodrigues depois do caso Casa Pia).
Mas as vitórias não ficaram por aqui. Ana Gomes, apesar do (mau) cheiro da rosa, está de volta e até António José Seguro teve de alinhar na encenação. Pelo meio não faltaram juras de amor de pesos-pesados como os dois Antónios, Costa e Vitorino.
Sócrates só cometeu um deslize, que se pode transformar num erro grave. Empolgado com a "aclamação" dos congressistas e com o tema "That's what friends are for" (que até o fez chorar), nadou para fora de pé: tentou apoucar o PSD. Referindo-se à proliferação de líderes (Santana Lopes, Filipe Menezes, Ferreira Leite, Marques Mendes...), deu a entender que Passos é o próximo.
Se o líder do PSD usar este deslize para fazer um "rassemblement", unindo o partido à sua volta, o tiro pode sair pela culatra a Sócrates (e aqueles que agora cantam "That's what friends are for" serão os primeiros a saltar sobre a sua campa). Mas é preciso saber se Passos tem capacidade para o fazer. Tem?
Camilo Lourenço
Jornal de Negócios
11.04.2011
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